Atualmente, as relações entre Brasil e Angola são as relações diplomáticas estabelecidas entre a República de Angola e a República Federativa do Brasil. Quero dizer que o Brasil possui uma embaixada em Luanda, e Angola possui uma embaixada em Brasília e um consulado no Rio de Janeiro. Mas engana-se quem pensa que estas relações são apenas diplomáticas, os laços vão além, desde o comércio, economia, até mesmo cultura e história, ambos os países fizeram parte do Império Colonial Português.
Recuando no tempo, vários negros foram traficados de Angola para o Brasil no desumano negócio de escravos que por séculos alimentou a terrível máquina colonial portuguesa, que teve implicações até os dias de hoje, O Brasil é o país com a maior população negra fora do continente Africano.
O Brasil foi o primeiro país do mundo a reconhecer a independência de Angola, em 11 de novembro de 1975, e no novo milênio, precisamente desde novembro de 2007, as relações entre estes países aumentaram relativamente, tanto em termos diplomáticos bem como econômicos com a implantação de várias empresas e vários projectos estratégicos que descrevo nesse Artigo.
A forte presença brasileira em Angola, que passou por uma guerra civil de 27 anos, é resultado da política externa do governo Lula, focada na aproximação com países pobres, principalmente no continente africano.
Hoje, Brasil e Angola possuem 40 acordos comerciais assinados na gestão Lula (2003-2010). Resultado prático da relação Sul-Sul, o governo brasileiro instalou em Luanda, capital angolana, um centro de negócios da Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportação e Investimentos).
EMPRESAS BRASILEIRAS EM ANGOLA
A presença de empresas brasileiras em Angola é significativa, ora vejamos: a construtora Odebrecht, construiu durante a guerra civil a principal hidrelétrica angolana (a Central Hidroelétrica de Capanda) Esta é uma central hidrelétrica sobre o rio Cuanza, entre as províncias de Malanje e Cuanza Sul. A instalação gera energia utilizando quatro turbinas de 130 megawatts cada, totalizando capacidade de 520 megawatts. Com uma barragem de 110m de altura e 1470m de comprimento, que forma um lago de 170 km², estrada de 60 km de extensão, vila residencial com 255 mil m² de área, pista de aeroporto com extensão de 2km e linha de transmissão de 30 kV com 60 km de extensão, entre outros serviços. Mais de US$ 4 bilhões foram investidos até a conclusão do projeto. A hidroelétrica é operada pela companhia estatal Empresa Pública de Produção de Electricidade (PRODEL-EP). Seu centro de operações fica na vila de Capanda, no município de Cacuso, em Malanje.
Para além das hidroelétricas a Odebrecht atua em Angola nos setores de imóveis, diamantes, supermercados, petróleo, biocombustíveis e aeroportos, e é a maior empregadora privada de Angola, com cerca de 20 mil funcionários.
Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez e Queiroz Galvão, firmaram nos últimos anos grandes contratos para a execução de obras públicas no país africano, cuja infraestrutura foi arrasada pelos 27 anos de conflito. Essas empresas, entretanto, tornaram-se alvo de parte dos ativistas contrários ao governo, que as consideram cúmplices da corrupção e do desvio de verbas públicas.
A reconstrução de Angola já levou mais de 200 empresas brasileiras à África, segundo o mais recente estudo do banco de investimento sul-africano Standard Bank. O número supera a presença das companhias da China, que detém a posição de maior parceiro bilateral dos angolanos em valor de investimentos. O Brasil é o segundo maior.
O Instituto Mix de Profissões, uma das maiores redes de ensino profissionalizante do Brasil, é mais uma das empresa brasileiras a investir em solo angolano. O IM comemora em 2022, o terceiro ano da assinatura do contrato da primeira unidade IM fora do Brasil. A escola em Angola é um marco especial na trajetória da empresa.
Mas não foi só o IM que “mirou” para Angola. Na capital Luanda, você encontra muitas obras e edificações assinaladas por empreiteiras brasileiras. Por lá, você pode comer algo em uma das franquias de alimentação do Bob´s, empresa brasileira.
COOPERAÇÃO
O idioma favorece as duas nações, Angola e Brasil, foram colonizados pelos portugueses e, portanto, tem como idioma oficial a Língua Portuguesa. Angola fica no lado esquerdo do continente africano e é banhado, assim como o Brasil, pelo oceano atlântico. O Brasil passou a olhar para Angola como uma parceira estratégica de negócios. E Angola vê no modelo brasileiro de desenvolvimento uma alternativa viável.
A dívida de Angola ao Brasil, até 31 de Dezembro de 2017, totalizava mais de 1.2 bilhões dólares, devidos ao Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social (BNDES) e ao Pró-reitoria de Extensão do Brasil (PROEX). Dívida esta que o governo Angolano pagou com cinco anos de antecedência em 2019, quando simplesmente só restavam US$ 589 milhões.
Numa entrevista, Aloysio Nunes (ministro das Relações Exteriores do Brasil) disse que assinou com o ministro das Relações Exteriores angolano um entendimento sobre a formação de diplomatas e vai também rubricar um protocolo de entendimento sobre financiamento com o ministro das Finanças de Angola.
Em 2018 numa reunião do Comitê Conjunto do Acordo de Cooperação e Facilitação de Investimentos (AFCI) dos dois países descutiu-se a superação de obstáculos entre Brasil e Angola e a negociação de novos acordos. Também estiveram na pauta o marco regulatório e a legislação cambial. Ainda definiu-se que setores com mais potencial de investimento eram os de turismo sustentável e agricultura. Nessa altura, Brasil concedeu a Angola um financiamento de 2 bilhões de dólares para financiar trocas comerciais e promover o investimento entre os dois. Desde 2020, a carteira de novos projetos de investimentos brasileiros em Angola é de US$ 1,3 bilhão.
A influência do Brasil em Angola é gigante e isto chega a vários sectores do quotidiano da nação, com a falta de trabalhadores qualificados em Angola por exemplo, as empresas têm recorrido a profissionais brasileiros para concluir os empreendimentos e atualmente existem cerca de 25 mil trabalhadores do Brasil no país. Já por outro lado, TAAG Linhas Aéreas de Angola é a única companhia aérea que realiza voos regulares entre Angola e o Brasil, operando nas rotas Luanda-Rio de Janeiro e Luanda-São Paulo. Angola é rica em pedras preciosas, petróleo e minério de ferro. O que faz com que este país receba muito investimento de potências como a China e o Brasil, este segundo é facilitado pela distância que separa as duas nações e o elo que é a língua portuguesa.
1 thought on “Investimentos e negócios do Brasil em Angola”