16 de Dezembro, 2024

26 de Julho de 2023 tropas da Guarda presidencial do Niger, lideradas pelo general Abdourahamane Tchiani, invadiram a sede do governo, na capital, Niamei, e surpreenderam o presidente, Mohamed Bazoum. Os golpistas tomaram o poder, dissolveram a Constituição e suspenderam as instituições do país, sob a justificativa de “situação de segurança e má governação económica social”, criando um ambiente instável na região e no mundo.

Anúncio oficial da consumação do golpe na televisão Estatal do Níger
  • É bem sabido que o Níger é um dos países mais pobres do Mundo e porque é que esse golpe militar preocupa as grandes potências ocidentais?
  • Porque um bloco regional tencionou invadir o país e realocar o presidente deposto?

CONTEXTUALIZAÇÃO
O Níger é um país da África Ocidental, sem saída para o mar. Faz fronteira com a Argélia e Líbia ao norte, a leste com o Chade, a sul com a Nigéria e Benim e a oeste com Burquina Faso e Mali. O país abrange uma área de quase 1 270 000 km², sendo que 75% de sua área é coberta pelo Deserto do Sahara fazendo desta a maior nação da África Ocidental. A população é predominantemente islâmica, sendo estimada em 17 milhões habitantes, conforme dados de 2013. A capital e cidade mais populosa é Niamei, localizado no sudoeste do país.

O Níger é um país subdesenvolvido, e é a nação que apresenta um dos menores IDH do Mundo. Grande parte da porção não desértica do país está ameaçadas por secas periódicas e a desertificação. A economia está concentrada em torno de subsistência e o sector agrário.

O país é rico em minérios e a exportação dessas matérias-primas, principalmente minério de urânio, devia contribuir para a economia nigerina. O país é o maior exportador de Urânio para a União Europeia, principalmente para a França onde praticamente uma em cada 3 lâmpadas acesas é alimentada pelo urânio proveniente do Niger. Mas mesmo com este volume de exportações, a nação enfrenta sérios desafios para o desenvolvimento devido à sua posição sem litoral, terreno desértico, má educação, extrema pobreza, falta de infra-estrutura e degradação ambiental.

Estes todos factores associadas as alegações e reivindicações dos militares, culminaram com a invasão a sede presidencial e varias instituições governamentais, depondo o presidente democraticamente eleito Mohamed Bazoum e a consequente dissolução da Constituição e suspensão das instituições do país. Instantes depois o país anunciava o fechamento do seu espaço aéreo como medida preventiva a uma eventual invasão via aérea. Estas acções agudizaram mais ainda a instabilidade regional é claro com dedo das potencias europeias como mostro a seguir.

Militares golpistas

INTERESSE E IFLUÊNCIA GEOPOLÍTICA
Com a consumação do golpe, as potências ocidentais estão entre as mais prejudicadas diplomaticamente no Níger, especialmente a França que se vê a perder mais um pais na sua esfera de influência (lembrem-se o Níger é uma ex colónia francesa) por isso aquela potência Europeia era a que praticamente detinha o monopólio das relações diplomáticas e comerciais com o pobre país.

O governo Militar Nigerino cortou relações diplomáticas com França, Estados Unidos, Togo e Nigéria, após terem fracassado as negociações com uma delegação do bloco regional. Já os Estados Unidos suspenderam – os programas de ajuda ao governo do Níger após este ter banido a exportação de urânio a França o que representou um duro golpe para os franceses. Os reactores nucleares franceses são alimentados com urânio do Níger e são responsáveis por gerar 65% da electricidade do país.

Não por acaso, o golpe tem apoio da maioria da população do Níger. Enquanto os franceses temem ficar sem energia eléctrica, a electricidade está disponível a muito poucas pessoas no Níger. Por outro lado, alguns analistas afirmam que a Rússia está ligada indirectamente ao conflito no Níger e ganha cada vez mais apoio popular no interior do país.

Após o golpe, o líder do grupo paramilitar Wagner, Yevgeny Prigozhin, celebrou o golpe militar no país e ofereceu seus serviços para ajudar o novo governo a controlar a situação nacional e “trazer a ordem”. Em áudio reproduzido pelos canais do Telegram, Prigozhin afirmou que “o que acontece no Níger nada mais é do que a luta do povo contra a colonização ocidental”. É inegável que a Rússia pode realmente ser a mais beneficiada com o golpe no Níger, logo após os acontecimentos muitos populares apoiadores do golpe fizeram-se as ruas numa manifestação elevando bandeiras Russas e queimando varias bandeiras Francesas ate alguns vandalizaram a embaixada da França no país.

Manifestações anti-França

TENSÃO REGIONAL
Regionalmente, a situação se agrava com a formação de coalizões de países a favor e contra a rebelião no Níger. Por um lado, a Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), impôs sanções ao país suspendendo “todas as transacções comerciais e financeiras” entre os seus 15 Estados-membros e o Níger.

Os líderes da CEDEAO também deram um ultimato aos militares do Níger, exigindo a “libertação imediata” do presidente deposto Mohamed Bazoum. De acordo com a organização, se a ordem constitucional não for restabelecida no país “dentro de uma semana”, a aliança “tomará todas as medidas necessárias”. “Essas medidas podem incluir o uso da força”, diz o comunicado.

O prazo venceu e o Níger não acatou as recomendações da CEDEAO, por outro lado, o parlamento Nigeriano, não aprova uma eventual invasão militar ao país vizinho. A Nigéria é um dos Estados membros da CEDEAO que está contra o golpe no Níger.
Por outro, países como Mali e Burkina Faso, onde também houve recentes levantes militares com expulsão de tropas francesas, condenaram as sanções. O Coronel Abdoulaye Maiga, porta-voz do governo do Mali, afirmou que qualquer intervenção militar contra o Níger “seria equivalente a uma declaração de guerra contra Burkina Faso e Mali”.

Os líderes dos governos de transição de Burkina Faso e Mali estiveram na recente cúpula Rússia-África, em São Petersburgo, que foi realizada enquanto o golpe do Níger se desdobrava. Durante a cúpula, os líderes ressaltaram a aliança e a parceria com Moscou.

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