BATALHA DO CUITO CUANAVALE: A MAIOR BATALHA DA GUERRA CIVIL ANGOLANA E GUERRA FRIA NA AFRICA
Especialistas acreditam que a guerra foi usada como campo de batalha de uma guerra por procuração da Guerra Fria por Estados rivais como União Soviética, Cuba, África do Sul e Estados Unidos.
Neste conflito aconteceu a maior batalha do continente Africano desde os tempos da Segunda Guerra Mundial a “BATALHA DO CUÍTO CUANAVALE”
A Batalha de Cuíto Cuanavale foi o maior confronto militar da Guerra Civil Angolana, ocorrido entre 15 de novembro de 1987 e 23 de março de 1988.
O local da batalha foi o sul de Angola, na região do Cuíto Cuanavale, província de Cuando-Cubango, onde se confrontaram os exércitos de Angola (FAPLA) com as aliadas Cubanas (FAR) contra a UNITA (União Nacional para a Independência Total de Angola) e o exército sul-africano.
Seguindo uma série de tentativas frustradas de dominar a região em 1986, oito brigadas da FAPLA realizaram uma ofensiva, conhecida como “Operação Saludando Octubre” em agosto de 1987 contra as bases da UNITA em Jamba e Mavinga, contando com apoio de armas e tanques T-62 soviéticos, bem como unidades motorizadas cubanas.
A África do Sul, que fazia fronteira com Angola por meio do território em disputa da atual Namíbia, estava determinada em prevenir que a FAPLA ganhasse controle da região e permitisse que a Organização do Povo do Sudoeste Africano atuasse no local, o que colocaria o regime do Apartheid ameaçado.
A primeira acção militar da campanha do governo angolano, foi a ocupação da antiga base portuguesa de Mavinga, onde estavam sediados 8000 guerrilheiros da UNITA, porem até a chegada das forças angolanos, Mavinga recebeu um reforço de 4000 tropas da SADF (Forças de Defesas Sul Africanas), vindo a confrontar uma força de 18000 soldados angolanos.
O ataque a Mavinga foi uma derrota total para as forças angolanas, com baixas estimadas em 4000 mortos. A manobra de contra-ataque das SADF, nomeada Operação Modular foi um êxito, forçando as tropas das FAPLA e das FAR a retroceder 200 quilómetros de volta a Cuito Cuanavale numa perseguição constante através da Operação Hooper.
Sabendo que com a queda do Cuito Cuanavale as forças seguiriam a Menongue, uma base aérea importante do governo, as FAPLA restabeleceram-se ai, retendo com dificuldade o avanço da UNITA e das SADF. As três brigadas sobreviventes da força original barricaram-se a leste do Rio Cuito, do outro lado da povoação de Cuito Cuanavale, aguentando as forças rivais durante três semanas, sem blindagem nem artilharia para se defenderem e sem provisões.
O presidente de Cuba Fidel Castro, apedido do governo angolano, enviou mais 15 000 soldados de elite para ajudar ao esforço da batalha. Com o reforço cubano, o número de tropas no país passava de 50000.
Os defensores cavaram trincheiras, barricadas, e depósitos para helicópteros, embora a pista de aviação estivesse intacta, os observadores da UNITA e SADF impediam a aterragem de aviões em Cuito Cuanavale.
A ponte sobre o rio havia explodido a 9 de janeiro e para poderem atravessar o rio, os cubanos construíram uma outra ponte de madeira, apelidada de “Pátria ou Morte”.
Entretanto as SADF aproveitaram o impasse para trazer reforços, levando a cabo cinco assaltos contra os postos angolanos nos meses seguintes, e não conseguindo vencer os defensores.
Uma das situações que ajudou imenso a UNITA, foi a estação das chuvas que atrasou o avanço das tropas vindo de Menongue, através de caminhos lamacentos, carregados de minas anti-pessoais pela UNITA e de emboscada. Quando o grosso dos reforços chegaram, já tinha começado a batalha final.
Os assaltos de UNITA prosseguiram até 23 de março de 1988, levando as tropas defensoras a recuaram para os arredores de Cuito Cuanavale, onde sofreram bombardeamentos de artilharia da SADF, localizadas nas colinas de Chambinga, nos meses seguintes.
O impasse militar de Cuito Cuanavale foi reclamado por ambos lados como uma vitória. O lado angolano afirmou que com a defesa de Cuito Cuanavale, em situação precária e situação inferior, impediram a invasão do território Angolano, pelas forças da África do Sul. Porém na África do Sul os partidários da guerra proclamavam como triunfo o facto de o exército deles menos equipado mas melhor treinado ter impedido o avanço do comunismo.
O fim da batalha de Cuito Cuanavale, considerada a mais dura batalha da guerra civil angolana, marcou um ponto de viragem decisivo. Em dezembro de 1988 o MPLA e a UNITA, assinaram o Acordo Tripartido incentivando, paralelamente, um acordo entre sul-africanos e cubanos para a retirada de tropas e a assinatura dos Acordos de Nova Iorque, que originaram a aplicação de uma resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas, levando à independência da Namíbia e ao fim do regime de segregação racial que vigorava na África do Sul.
Esta batalha não colocou o fim a Guerra civil em Angola, como nós sabemos este conflito só terminou oficialmente em 2002, mas a batalha é mundialmente reconhecida como a mais dura e mais prolongada campanha militar em Africa após o término da segunda Guerra mundial, e o maior confronto militar da Guerra fria no continente.